terça-feira, 16 de março de 2010

Duas horas da tarde - já está tarde, mas ainda me aguarda a hora do almoço. Olho para os lados, todos estão calados em suas mesas. Pego minha bolsa e vou descer.
No caminho encontro muitos caminhos e me desespero por não saber por qual seguir. Vou pra São José e nada. Encontro a Antônio Carlos e ela se fecha pra mim. Passo por todos para melhor enxergar o sinal. E ele abre. Vou com muita rapidez para banca de jornais do tribunal de justiça, e peço um sampoerna. Ando, ando mais, já estou na Praça XV, velhos rostos, os mesmos costumes. Espero encontrar alguém que grite pelo meu nome, que me reconheça no meio da multidão - inútil.
Vejo glórias, derrotas, fumaça e beleza nesse lugar. Procuro por você em cada olhar, mesmo sabendo que fisicamente é impossível te ter aqui.
Apago o cigarro, que já estava por queimar minha mão. Sigo de volta, Antônio Carlos e viro até o Pilão de Pedra, preciso comer. O tempo passou tão rápido e agora?! Não tenho pressa, porque tê-la? Tenho 23 anos e um futuro cheio que questões a serem respondidas.
Arrumo meu prato, sem nem mesmo olhar o que coloco dentro dele, 400 gramas de um mente confusa, de uma tarde cinza, cheia de saudades.
Um senhor falante senta na minha frente e tenta salvar aqueles minutos de abstração. Não escuto nada o que ele fala, só balanço a cabeça. Ele reagi como se eu estivesse dando mais assunto e desanda a falar ainda mais. Peço licença. Levanto correndo. Merda! Ainda tenho que enfrentar a fila, depois a Antônio Carlos, depois a São José e pior ainda, mais pessoas para eu julgar e reconhecer. Chego na México, fila no elevador. Boa Tarde, 14°. Sento de volta e escrevo bobagens.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Através das lembranças do passado ela apagou o bonito e o inesquecível e se aventurou em um quadro frio e cinza.
Por trás de sua testa enrugada existe muito mais do que se pode ver. Dentro de seu perfume exótico e amargo existem feridas, tantas e tantas já mordidas pelo tempo e ansiosas por cicatrizar. E hoje eu te encontro, em baixo dos arcos brancos, aqueles que tantas histórias guardam de nossos amigos. Lá onde o malandro edificou a sua origem e sumiu por aí...
Sim, o tempo passou. E agora o que faço? As suas roupas hoje são minhas e ainda continuam não cabendo em mim.
Que tal apenas fingir que nada disso existiu?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Eu lembro que eu te via, mas depois fingia não ver. Sempre te encontrava nas esquinas por aí e imaginava o dia em que você seria meu. Mas eu não queria um. Eu também queria uma, e dessa maneira confusa, você me aceitava e deitava em meus braços, esperando o outro alguém.

E ao me ver com outra, você ficava agitado, com raiva e com tesão. Você olhava dentro dos meus olhos e me puxava para você.

Depois de um tempo você se acostumou, viu que eu não tinha dono, e vivemos mais felizes, os três em pecado, penetrados na tentação.